14 novembro 2010

Monogamia: por opção II

Tenho estado a pensar que o título deste post é uma realidade restrita. São só alguns os privilegiados que não se acomodam na vida com o que a sociedade cultural tem para lhes dar diariamente e correm atrás daquilo que não se ensina nos bancos da escola ou da faculdade, no sofá em frente da caixinha mágica ou inerte em frente ao grande pano: a estruturação consciente e activa de uma vida social e afectiva.
As pessoas casam-se, juntam-se ou prometem exclusividade porque naquele momento é o que lhes apetece e parece bem e não menos vezes também por pensarem que é o que é esperado deles. "Afinal já namoramos há tanto tempo, já os dois trabalhamos, tenho mesmo que a pedir em casamento..." E enquanto houver paixão tudo vai corre muito bem...

Embora os namoros até possam ser pequenos contos de fadas, os casamentos não o são de certeza. Quem não espera ter que lidar com dificuldades e sentimentos estranhos; quem espera nunca vir a sentir que se pode estar a apaixonar por outra pessoa e ter que lidar com isso com maturidade e sem pânico; ou quem gosta imenso da sua cara metade mas espera mudar algumas coisas dela depois de casar, desiluda-se! A Disney é só dentro da caixinha mágica e o "viveram felizes para sempre" até podem ser escritos, mas com esforço, dedicação e alguma dor de parte a parte. Não sou uma pessimista. Eu acredito que no casamento, quando levado a sério por ambos, são muitas mais as alegrias que as tristezas e as dificuldades. Só penso que é irrealista pensarmos que todos os momentos serão bons e que não existirão momentos piores e depois, desistirmos do nosso compromisso assim que essas dificuldades se põem no nosso caminho, como hoje em dia parece ser a resposta imediata...

Hoje conversava com uma amiga minha que se queixa que não consegue manter um relacionamento. Sempre que começa a namorar com alguém, passado umas semanas já era. Às vezes gostava de entender melhor o que leva as pessoas a gastarem tanta energia em ser quem não são.
Não tenho paciência, nem feitio,  para ficar a imaginar o que é que a outra pessoa espera que eu faça ou gostaria que eu fizesse. Se eu passar a vida a "mudar-me" para ir de encontro aquilo que eu imagino que o outro deseja, o que ganho? Cansaço e amor a uma pessoa "inventada" que não sou eu? :) Gratificante, sem dúvida...
E pensava para comigo que de facto, para nos comprometermos interiormente com alguém, precisamos sentir que somos amados e respeitados na nossa essência, no básico, no dia-a-dia sem maquilhagem, sem cerimónias.

Acredito mesmo que é mais fácil ser-se monogâmico por opção do que ser-se monogâmico por tradição. Porque quando o somos só por tradição e as dificuldades aparecem, não temos dentro de nós a resposta clara às nossas dificuldades!!

2 comments:

O que é dito é bem verdade. Revi-me nestas palavras.

Querida Cecilia:
Essa espontaniedade no escrever, muito me cativa. Creio que o mundo padece e retrocede um degrau, quando o que se é imposto prevalece. Algumas tradições são lindas, mas não passam de beleza cênica... Quando o interior não se é exposto, a rotina é inevitavelmente 'massante' e muito cruel... Diálogo 1000 tradição 0 !
Tomei a liberdade de postar um pequeno texto sobre o assunto, uma pequena reflexão.

Sem Ansiedades

Em tais momentos sou absoluto
Pleno de que me encanto
Ao ir de encontro ao amadurecer
Ter meu espaço mais tranquilo
Onde a reflexão é apenas reflexo do que vivo
A mente se tranquiliza
Visualizo o que se eterniza por si
Por ti
Na vernissage de minhas memórias póstumas
Sinto-me o estreante de belas lembranças
Que tal belo quanto se lembrar
É ter a plena convicção
De que se esta vivendo
A mais bela de todas